[ID, Lx, 10/011]
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olha traz-me um ramo de qualquer coisa
qualquer coisa que venha amaciar o seco das palavras
deitadas a este relento entre ninhos de raposa
e um sonho de groselhas
é que deixam secura e mais nada não deixam mais nada
os sabugueiros ao menos deitam flores e bagas
tudo pérolas traz-me um ramo de azul tuaregue
e nem é preciso que vás ao deserto
entra por esta noite pode ser apenas esta
não dês alerta aos bichos dos varandins
às gatas e aos gatos com cio aos homens com sabre
sossega as gazelas vai à fonte e traz o azul
eu estarei à tua espera sem o falcão
sem o rei na barriga nem a gataria à espreita
[...]
Abel Neves, Úsnea,
Lisboa: Averno, 2015
[ID, Lx, 02/015]