terça-feira, 6 de setembro de 2011

C de "Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos..." (V)

EM HORNBAEK, COM PESSANHA



Nunca pensei que um dia,
a Norte de tudo, viéssemos
apanhar sob a água plana
conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos.
Mas foi o que aconteceu em Hornbaek.

Não falarei do vento que
alisava as dunas, do pátio sem
defeito do restaurante Olivia
ou do pequeno comboio
que dividia a meio a floresta.

Só me interessa, hoje,
o que pude sentir nas minhas
e nas tuas mãos: conchinhas
da mais alva porcelana,
seixos tenuemente cor-de-rosa.

Enquanto, esquecidos de Kroyer,
percorríamos juntos a distância sem fim.


Manuel de Freitas, Brynt Kobolt,
Lisboa: Averno, Abril de 2008

Sem comentários: