Afinal a história é uma questão de escrita. É por isso que a função irónica dos intelectuais tem tanta importância. Antes de se terem deslocado para o terreno da consciência moral, eles desafiavam o previsível em discursos que reuniam espírito, subtileza, jogo da contradição, ironia. Hoje, porém, o prazer da desobediência dá cada vez mais lugar à acusação de irresponsabilidade. O modo de escapar a isso é então o pensamento radical. Assim definido: "uma forma feliz e uma inteligência sem esperança". Ou seja, a esperança é a de uma ironia do mundo, a começar pela linguagem e pelas ficções desreguladoras que se vão construindo como muros a separar o artifício do artificial.
Silvina Rodrigues Lopes,
citada in Cão Celeste n.º4, Lisboa, 2013, p.27
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