domingo, 10 de maio de 2020

Q de Quarentena (XI)


É na axila que um pássaro se aninha
e toma carne e febre,
cantando o trabalho paciente
do sonho e da melancolia.
Pássaro num outro espaço,
para onde nos vão desejos e poemas...
Eu te saúdo, pássaro de branca neve e papoila viva,
ao pé do bebedouro e do espinheiro.
Pássaro: casa pequena de ossos
espalhados no alvoroço de ventos e marés...


Jacques Izoard, Jardins Mínimos e outros poemas,
tradução colectiva (Mateus, Maio de 1993) revista e apresentada por Fernando Pinto do Amaral,
Lisboa, Quetzal, 1994





Philip Evergood, "Lily and the sparrows", 1939

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