A CASA DA NEBLINA
Entraram para a casa da neblina.
Os seus olhos foram-se acostumando
aos contornos indefinidos. Tudo
era impreciso, tudo era difuso.
Também se iam vendo um ao outro
sem contrastes, os rostos não mudavam,
as expressões eram sempre as mesmas,
sempre veladas pela mesma bruma.
Esqueceram-se ambos do mundo lá fora,
e da luz e da dor e da alegria,
da mentira, da emoção, dos beijos,
da amizade e do amor. Negaram
qualquer verdade ou perfil que os ferisse.
E ficou-lhes ambíguo o coração.
Amalia Bautista, Estou Ausente,
trad. e capa de Inês Dias,
Lisboa, Averno, 2013
Lisboa, Averno, 2013
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