domingo, 30 de setembro de 2012

F de Fazer Fotografia (LXVII)





"Nous nous sommes promenés dans le jardin. J’ai pris, moi aussi, quelques photos, il semblait qu’après tout ce soit une chose à faire. Et Ezra Pound a levé la tête. J’ai compris en un instant qu’il était complètement lucide. Son œil de rapace m’a transpercé. Difficile d’oublier cette petite boule noire d’acier qu’il avait au fond de l’orbite, et qui vous jugeait. Nous sommes partis. Le film s’est mal enroulé dans l’appareil. Les images se sont superposées. Comme si son univers mental l’avait emporté sur son apparence physique. Mais il ne pouvait en être autrement avec Ezra Pound."


Jean-Michel Folon
 in L’Express, 4 de Dezembro de 1972

E de "É assim que se faz a História. Sem palavras a mais." (XXXV)

AS PAREDES DO SENTIDO TÊM DE FACTO BOLOR



Está tudo bem. O céu do Ocidente
decai, os índices da Bolsa mantêm-se
estáveis, catastroficamente presentes
na vida de cada um de nós
- aqueles que adiam o amor e
que sempre gostaram tanto 
de mentiras certas e portáteis.

O céu do Ocidente, em Lisboa, é
um fundo negro de asfixia e paixão
onde apenas estrelas moribundas 
nos lembram que existe um olhar míope
- enquanto o milénio finda
com as suas máquinas de triturar canções,
os tão pequenos ardis que promovem
a derrota. O sangue parado, no chão.

E os índices da Bolsa como raparigas 
novas nos infatigáveis jornais
por ler, ao lado dos cigarros, ajudam-nos
a esquecer os cancros que uma moral suspeita
soletra. Será isto a vida? Também.
O telemóvel de Prometeu dá-nos
indicações precisas sobre a ignorância,
observa o fuso horário do desespero.

Modos de pavor, em suma,
que em qualquer tempo seriam
esta mão ocidental e fria
que escreve para ninguém ouvir
o nada que tem (terá?)
para dizer na noite corrompida.
As coisas são assim, paciência, 
e aglutinam-se, em dígitos complicados,
o novo Peugeot pensante,
terapias por cumprir de Burton:

a melancolia nos ossos, as fezes da amada
sob a cabeça amante,
enquanto um airbag trocista
nos obriga a uma vida 
que se gastou tão gasta
e que rescende nula
nos mais variados aspectos.

Pois é.


Manuel de Freitas
in A Última Porta, selecção e posfácio de José Miguel Silva,
Lisboa:  Assírio & Alvim,  2010

sábado, 29 de setembro de 2012

M de Matemática aplicada

INTEMPÉRIE 7
 
   
    
Quando se agrupam, os humanos tendem a formar triângulos. Uns ocupam o vértice superior; a maioria a base. Nalgum lugar profundo estará inscrita esta figura. Quando se trata de poder, dinheiro e tantas outras coisas, parece muito claro o que domina o triângulo. Em questões de arte e inteligência - talvez até em política - já é não óbvio que o prestígio se situe no vértice. Tende-se a pensar que é assim. Assim se narra o passado. Mas inquieta ver que tantas vezes o ponto dominante, a imposta excelência, se situa a meio da hipotenusa.
 
 

E de "É assim que se faz a História. Sem palavras a mais." (XXXIV)

 
 
[Príncipe Real, 28/09/12]
 

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A de Aniversário (XI)

 
[São Miguel, Agosto 2012]
 
 
 
 
Lonely spider waiting in her web
Hoping she can catch some happiness
Then who should stumble into here but you

Got you where I want you
Got you where I want you

Lovely lady spider likes you best
Begs you to come live in her own nest
Feeds you clothes you gives her heart to you

Got you where I want you
Got you where I want you

Don't know why you put up such a fight
Make the lady spider cry all night
You never have to be alone again

Got you where I want you
Got you where I want you

Lonely spider waiting in her web
Hoping she can catch some happiness
Oh when will happiness come by again
 
 
 

terça-feira, 25 de setembro de 2012

T de Tempo Sem Tempo (XIV)


 [...]
As Joe moves about the house making tea, smoking cigarettes, reading trash, he finds that he is, from time to time, holding his breath. At such times a sound exhales from his lips, a sound of almost unbearable pain. It is not a pain he can locate in bodily terms. It isn't exactly his pain. It's as if some creature inside him is suffering horribly, and he doesn't know exactly why, or what to do to alleviate the pain, which communicates itself to him as a paralyzing fatigue, an inability to do the simplest thing—like fill out the driver's license renewal form. Each night he tells himself firmly that he will do it tomorrow, and tomorrow finds that he simply cannot do it. The thought of sitting down and doing it causes him the indirect pain that drains his strength, so that he can barely move.
What is wrong? To begin with, the lack of any position from which anything can be seen as right. He cannot conceive of a way out, since he has no place to leave from. His self is crumbling away to shreds and tatters, bits of old songs, stray quotations, fleeting spurts of purpose and direction sputtering out to nothing and nowhere, like the body at death deserted by one soul after the other.
 
[...]
 
 
William S. Burroughs, The Western Lands, 1987 

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

L de (A) Luz da Sombra (XXVII)










[Lisboa, Setembro 2012]
 

S de Santa Cruz (IX)


DA LARGURA DO MAR APENAS SABE O MEDO
mas há barracas às cores, toldos
às cores, cores disfarçando
a tristeza do mundo, a repressão,
o rancor ancestral do indignado,
COMO A PRATA, o homem dos gelados
com o seu carrito como uma vinheta branca e anil,
os guarda-sóis imitando as Caraíbas,
o Troy na sua azáfama de um lado para o outro
da calçada, Ali, Álvaro, Mohamed,
a costura total do horizonte,
eu no meio, arrebatado, na onda do mundo,
do Universo só [...]


Antonio Hernández, O Mundo Inteiro,
Lisboa: Língua Morta, Setembro 2012

 

[Santa Cruz, 22/09/12]
 

domingo, 23 de setembro de 2012

P de (The) Privacy of Rain (XXXII)

Não porque chove serei digno. E quando
o serei, em que momento? Entre a pausa
que vai de gota a gota? Se chegasses
de súbito e juntamente com a manhã,
juntamente com este crescente mês, sabendo,
como a chuva sabe da minha infância,
que uma coisa é chegar e outra chegar-me
desde aquela vez para nada…
Se chegasses de repente, o que diria?
Cheira a silêncio cada ser e rápida
a visão cai desde o mais alto, sempre.
Como o húmus dos campos, basta,
basta ao meu coração ligeira sementeira
para se dar até ao limite. Também basta,
não sei porquê, à nuvem. Que eficácia
a do amor. E chove. Estou a pensar
que a chuva não tem o sal das lágrimas.
Pode ser que já seja um pouco mais digno.
E é pelo sol, por este vento, que eleva
a vida, pelo fumo dos montes,
pela rocha, na noite ainda mais precisa,
pelo distante mar. É pelo único
que purifica, pelo que nos salva.
Queria estar contigo não para te ver
mas para ver o mesmo que tu, cada
coisa em que respiras como nesta
chuva de tanta simplicidade, que lava.
 
 
Claudio Rodríguez, Don de la Ebriedad, 1953

sábado, 22 de setembro de 2012

M de (O) Mundo Inteiro


TRATADOS COMO CÃES
(UM TÍTULO DE JORNAL)

 
A um Poeta de dezassete anos

 

Cumpre-nos fazer imensa coisa.
Cumpre-nos odiar a natureza.
Cumpre-nos adiar a natureza.
Cumpre-nos matar para não morrer, e vice-versa.
Cumpre-nos saber escolher meticulosamente os termos: senhor, dinheiro, fuso horário, compromisso, falcatrua, mostruário de vermes, atenção ao trânsito, postos, subalternos, garrafa queimada, omissão das ciências naturais.
Cumpre-nos estudar o mundo do avesso.
[…]
Cumpre-nos não ser tratados como cães.

 
Raul de Carvalho, Quadrangular, 1976

P de Paisagem urbana (V)

 
 
[Telheiras, 21/09/12]
 

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

 
 
[Lisboa, Dezembro 2011]

P de Poética - XXV b

What can a poet do without pain?
He needs it as much as his typewriter.

Charles Bukowksi, South of No North, 1973



terça-feira, 18 de setembro de 2012

R de Regresso ao Trabalho (XLVI)



Lisboa, "pelos caminhos da manhã"
PIAZZA I


Uma tarde
é suficiente para ficar louco
ou ir ao Museu ver Bosch
uma tarde de inverno
sobre um grave pátio
onde garòfani .... milk-shake & Claude
obcecado com anjos
ou vastos motores que giram com
uma graça seráfica
tocar o banjo da Lembrança
sem o Amor encontrado... provado... sonhado
& longos viveiros municipais
sem procurar compreender
imaginar
a medula sem olhos
ou pássaros virgens
aconteceu que eu revi
a simples torre mortal do Sonho
não com dedos reais & cilíndricos
Du Barry Byron Marquesa de Santos
Swift Jarry com barulho
de sinos nas minhas noites de bárbaro
os carros de fogo
os trapézios de mercúrio
suas mãos escrevendo & pescando
ninfas escatológicas
pequenos canhoes do sangue & os grandes olhos abertos
para algum milagre da Sorte.

 Roberto Piva, PIAZZAS, 
São Paulo: Massao Ohno Editora, 1964
 
[Obrigada, Miguel]

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

S de Solidão (ou C de Comunidade) L


E de "É assim que se faz a História. Sem palavras a mais." (XXXIII)


ABYSSUS   ABYSSUM   ABYSSINIA

 

Que país este… Que absoluto corte com tudo o que é vital, que é bom, que tem sabor humano e fresco.
  
Que torvas personagens abrasadas de medo povoam este enorme convento mortuário   Que cruz cada esquina   Que assomo de vingança luz nos olhos apenas na imaginação: porque o mar flutua não sobre a terra não mar para navios – mar podre com abraços de mortos quase mortos contaminando as águas no nauseabundo gosto que deixaram na vida enquanto erguiam braços depostos nado-mortos. Vê-los agora assim flutuantes      decifrar-lhes nos ossos transparentes de finos emblemas conseguidos definitivamente pela morte pelo sal pela água que os cerca cambaleantes: é tê-los todos juntos no mapa que é tão fácil – mercê só da lembrança… – erguer em carne viva quando o era e já carne morena mas entregue ao seu destino humano deste país enfermo: onde homens e mulheres – despidos ou vestidos – sorrindo ou não chorando o que é o mesmo – pendurando sinais em qualquer parte eu ninguém vê – São meus irmãos, vos digo, e no entanto…
Que absoluto golpe rachou de cima a baixo os músculos a vontade o céu deste lameiro. Que assombro e ciclone, que insensatez de sombra e que terrível dom de não nos ver: tem este meu país que não tem nome porque o nome se dá a alguém vivo.
   
Que terrena e solene podridão escorre ainda deste poema e todos os poemas.
      
Não temos mais ninguém. Ouvimo-nos a sós. Andamos baixo. Calcorreamos – mas só no pensamento – estradas percorridas pelos vivos. Semelhamos alguém – e cada um de nós – que vá bater, noite alta, a uma porta que nunca tem dentro dela o dia – e que o odeia, que odeia!, que mata quem lhe bata receando que morra sem que tenha sabido o que é amor. Luta tenaz mantemos – dia a dia, e sem nenhum esmorecimento contra a fome de cão o rabo do polícia, o magarefe que… sorrindo está no Alto! foice em punho! Imagens – só de imagens se compõe o nosso pão. Os livros as mulheres as carnes quentes e saborosas das mulheres de Matisse: aí está – como vêem! – um sonho que é vedado caminho que em silêncio unidos percorremos. Miséria. – que miséria! Ter olhos que, se lá estão, são olhos que esta morna humildade sem ter quarto – de longe empalidece.
As mãos? – Que mãos te movem, meu pobre caçador de outros navios que foram do século de quinhentos das brumas da aceite fatalidade dos canais moribundos por onde neles se escoa a fome pura da forma que por não ter forma nossa vai vogando ao sabor estrangeiro das bocas entrevistas somente quando se dorme. Estamos, pois, sempre, dormindo. Que sono tão de pedra e tão disforme – que nem sono será: antes, tudo fingido, tudo fingido! Até no sono parece que não temos sono de homens… parece que já não merecemos pena de morrer por ter nascido, parece, sim!, que andamos só em volta do poste que se ergue e tem no cimo a ávida sigla funesta, ávida maratona que em galope vai seguindo, vai lendo, vai formando: passos que não são nossos, são da sombra que fomos: NUNCA FOMOS.

Fodemos, procriamos, dormimos, acordamos. Mas nunca, nunca fomos nem seremos: aqueles que do lado de lá dos nossos sonhos formam barreira intransponível para membros sem força, para olhos sem vista, para lábios sem lume, para loucos sem nenhum acesso verdadeiro à verdadeira loucura, para silentes vermes que caminham por entre as sílabas como se vermes fossem, somente, vermes, nada mais que vermes: deixando atrás de si no rastro que os assinala: a lengonha que deixam – nas cicatrizes da alma, – se é que há alma! – os ditos, as risadas, os conciliábulos dos doutores, a sabedoria frouxa e sem nervo dos pobres de espírito que acreditam – ainda! – em Deus, no Deus futuro.
Ninguém se importa que nos sirvam veneno hora a hora. Ninguém. Nem nós nos importamos. Já não temos impulso para recusar o copo. Vamos bebendo, e pronto. Esperanças já não luzem no brilho dos licores.
Até um dia!... Salvo seja.
   
Até na caridade nós mentimos.
    
Que cara nos serviram de encomenda que parece verdade que existimos.

 
Raul de Carvalho, Quadrangular (1976)
 

domingo, 16 de setembro de 2012

M de Música para os meus olhos (XXXII)

 
"[...] eu esperava o cair da noite,
ébrio de infinito, de estranheza, de solidão,
com o coração mais leve do que um pássaro."
 
André Gide, Si le grain ne meurt, 1926
 
 
 
 

T de Teste de Rorschach



Edgar Allan Poe, a desoras, no Príncipe Real.

S de "Semantics won't do"

E todos dansaram ontem:




I'm so happy 'cause today
I found my friends
They're in my head
I'm so ugly, but that's okay
'Cause so are you
Broke our mirrors
Sunday morning is everyday
For all I care
And I'm not scared
Light my candles in a daze
'Cause I've found god


[...]


sábado, 15 de setembro de 2012

A de "até que os fios do coração" (XIV)



[Lisboa, 14/09/12]


[…] Quando estou naquilo a que os rigoristas chamam bem, aspiro ao mal porque me é necessário um certo mal para me distrair; quando estou no que se convencionou chamar mal, sinto uma nostalgia confusa, como se o que o comum das gentes entende por bem fosse realmente uma espécie de seio maternal donde se poderia sugar um leite susceptível de refrescar. Toda a minha vida é feita destas oscilações: se estou tranquilo, aborreço-me de morte e desejo não importa que alteração, mas, mal surge na minha existência um real elemento de subversão, perco pé, hesito, esquivo-me e a maior parte das vezes renuncio. Sou incapaz, em todo o caso, de agir sem reticência e sem remorso, nunca me entrego sem uma segunda intenção de voltar atrás e, se permaneço dobrado sobre mim mesmo, não é nunca sem a nostalgia de um abandono, que desejo veementemente. […]


Michel Leiris, Idade de Homem,
Lisboa: Editorial Estampa, 1971

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

P de Ponto de fuga



[Ponta Delgada, Agosto 2011]

F de Fazer Fotografia - XIII f


PORQUE NÃO POSSUÍMOS
(O olhar)


 I


Porque não possuímos,
vemos. A combustão do olho a esta
hora do dia quando a luz, cruel
de tão verdadeira, corrompe
o olhar já não me traz aquela
simplicidade. Já não sei o que é que morre,
o que ressuscita. Mas observo,
recupero o fervor, e o olhar faz-se
beijo, já não sei se de amor ou traição.
Quer cunhar as coisas,
deter a sua indefinida pressa
de adeus, vestir, cobrir
a sua feroz nudez de despedida
com seja o que for: com essa membrana
delicada do ar,
ainda que fosse apenas
com a subtil ternura
do véu que separa os bagos
da romã. Quer espalhar o seu óleo
denso de juventude e de cansaço,
em tantas dobradiças luminosas que abre
a realidade, entrar
deixando aí, em alcovas tão fecundas,
o seu pouso e o seu despojo,
o seu ninho e a sua tormenta,
sem poder habitá-las. Que olhar
escuro vendo coisas tão claras. Observa, observa:
ali sobe fumo, começam
a sair dessa fábrica os homens,
de olhos baixos, de cabeça baixa.
Ali está o Tormes com o seu céu alto,
crianças nas margens entre escombros
onde esgaravatam galinhas. Observa, observa:
vê como já,  mesmo com encaixes e cavilhas,
com rugas e asperezas,
vão fluindo as coisas. Brota, fonte
de rico veio, meu olhar, minha única
salvação, sela, grava,
como numa árvore os apaixonados,
a loucura harmoniosa da vida
nas tuas velozes águas passageiras.


Cláudio Rodríguez
[Trad. ID]

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

F de Falar para as paredes (XVII)

 
 
[Lisboa, Setembro 2012]

M de Museu Imaginário - IX c


[Santa Cruz, 08/09/12]
 

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

M de Museu Imaginário - IX b



Léon Spilliaert, 1908

T de Tempo Sem Tempo (XIII)

GARRETTEANA
 
 
 
Há soldados cinzentos espalhados
por toda a parte inútil da cidade.
Levantam-se cedíssimo.
Deitam-se com a morte.
 
 
Raul de Carvalho, Quadrangular,
Lisboa: Livraria Quadrante, 1976
 

terça-feira, 11 de setembro de 2012

L de (A) Luz da Sombra (XXVI)



Santos / Setembro 2012


segunda-feira, 10 de setembro de 2012

B de Biorritmo (CLIV)


 
 
[...]
Y la vida siguió,
como siguen las cosas que no
tienen mucho sentido
[...]
 

T de Tempo Sem Tempo (XII)

coitado de quem não ouve
o fenecer pausado das roseiras
pequenino serrote intransigente


há um rumor de escravos pelos gestos
todos os gestos
ímpares sempre     e impuros
- e o tempo despe as horas de segredos



José Manuel Pressler, Filipa,
Lisboa: editado por Manuel de Castro, 1967

domingo, 9 de setembro de 2012

W de Walk the line



[Lisbon revisited, Setembro 2012]

E de Estado da nação (II)


 
[Praia de Porto Novo, 08/09/12]
 

sábado, 8 de setembro de 2012

S de Santa Cruz (VIII)

 
 
 
[Praia de Santa Cruz, 07/08/12]
 

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

P de Poética (XXXI)



[Obrigada, Bruno]



[São Miguel, Agosto 2012]


terça-feira, 4 de setembro de 2012

B de Biorritmo (CLIII)

J de Janelas (IX)


ALHEIO


Longo parece o dia a quem não ama
e ele sabe-o. E ele ouve esse som
curto e duro do corpo, a sua cansada
canção, tocando sempre à distância.
Fecha a sua porta e fica bem fechada;
sai e, por um momento, os seus joelhos
cedem até ao chão. Mas a aurora,
com perigosa generosidade,
refresca-o e ergue-o. Está muito clara
a sua rua e percorre-a com passos escuros,
e coxeia depois porque anda
só com o seu cansaço. E diz ar:
palavras mortas com a sua boca viva.
Prisioneiro por não querer, abraça
a sua própria solidão. E está confiante,
mais confiante do que ninguém porque nada
possuirá; e ele bem sabe que nunca
viverá aqui, na terra. A quem não ama,
como podemos conhecer ou como
perdoar? Dia longo e ainda mais longa
a noite. Mentirá ao tirar a chave.
Entrará. E nunca habitará a sua casa.



Cláudio Rodríguez, Alianza y Condena, 1965

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

R de Regresso ao Trabalho (XLV)



[Lisboa 2012]

domingo, 2 de setembro de 2012