quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

H de Humanidade (V)


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Deixo Sísifo no sopé da montanha! Encontramos sempre o nosso fardo. Mas Sísifo ensina a fidelidade superior que nega os deuses e levanta os rochedos. Ele também julga que tudo está bem. Esse universo enfim sem dono não lhe parece estéril nem fútil. Cada grão dessa pedra, cada estilhaço mineral dessa montanha cheia de noite, forma por si só um mundo. A própria luta para atingir os píncaros basta para encher um coração de homem. É preciso imaginar Sísifo feliz.


Albert Camus, O Mito de Sísifo,
trad. Urbano Tavares Rodrigues,
Lisboa: Livros do Brasil, s/d




[Emile Savitry, "Alberto Giacometti dans son atelier", c.1946]

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