"[...] O vento na chuva, a chuva na cara, a cara no homem, o homem no passo, o passo no caminho. Batman a chegar ao cruzamento, pouco depois das alminhas, defronte do cemitério. E o autor acompanhando, entretido com as imagens, como quem se liberta da sala onde escreve encarcerado, como se toda a liberdade do mundo convergisse num só ponto: o vento na chuva, a chuva na cara, a cara no homem, o homem no passo, o passo no caminho. Lá vai Batman. Tira da algibeira um saco amarfanhado, um saco prontamente cheio, figos que depressa colhe à beira da estrada. O vento na chuva, a chuva na cara, a cara no homem, o homem no passo, o passo no caminho. Toca o telefone da sala. O autor ouve, não olha. Seus olhos são passos no caminho. [...]"
Vítor Nogueira, Amanhã logo se vê,
com capa de Adriana Molder e arranjo gráfico de Pedro Santos,
Lisboa: Averno, 2015
[ID, São Miguel, 26/06/015]
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