segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

(O) Jardim e a Casa (XX)


o teu rosto, o desenho pouco a pouco devorou-o:
o vento que interrompias com o riso
é agora um sopro interminável
onde as roseiras se tornam transparentes.
Não te percas no jardim como um deus esquecido
nos lábios dos mortos, não desfaças a estação
do rigor que parece eternidade: ainda a manhã
não transformou a geada num resíduo da luz,
na casa vacilante que abriga os meus passos.
Quando te chamo esconde-se no teu nome
a minha ausência


Rui Nunes
in Antologia Crítica e Pessoal, coord. Annabela Rita,
Lisboa, Roma Editora, 2009

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