TUDO COISAS MORTAIS PARA A POESIA
A casa, o lume, o sono dobrado
do corpo feliz, a cesta de figos,
a curva do rio, a fotografia
no cimo do monte, a veracidade
das glicínias, o rosto da mãe,
a fava no bolo, o trunfo de copas,
o filme da tarde, a música nova,
o rasto da chuva por entre os pinheiros,
as aves que voltam, os dias que passam
perto de nós.
José Miguel Silva
in Poetas Sem Qualidades, Lisboa: Averno, 2002, p.72
[Fonte: Instant Light - Tarkovsky Polaroids, Thames & Hudson]
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