A PANTERA
De percorrer as grades o seu olhar cansou-se
e não retém mais nada lá no fundo,
como se a jaula de mil barras fosse
e além das barras não houvesse mundo.
O andar elástico dos passos fortes dentro
da ínfima espiral assim traçada
é uma dança da força em torno ao centro
de uma grande vontade atordoada.
Mas por vezes a cortina da pupila
ergue-se sem ruído - e uma imagem então
vai pelos membros em tensão tranquila
até desvanecer no coração.
RAINER MARIA RILKE traduzido por Vasco Graça Moura
in Revista Egoísta n.º 51, Casino do Estoril, Dezembro 2013