PARECIA UM MENDIGO
Parecia um mendigo na rua
Garrett. Depois vi melhor, à porta do sete:
vagabundo e músico. Não tinha
instrumentos. Era só assobio e a mão
que batia naquele caixotão. Parava
por vezes essa melodia: ladrava
de cão e o gato imitava.
Olhei-o nos olhos – surpresa brilhava
- e ele respondeu, com largo sorriso.
Retomou a música, com assobiadela:
mais pandeiro cavo no tal papelão.
Passavam caixeiros e a boa crioula,
madames e tipos, bem engravatados.
É isto, Cesário, que marca Lisboa?
Eduardo Guerra Carneiro, A Noiva das Astúrias,
Lisboa, & etc, 2001
* O título do post é um verso de Murilo Mendes.
* O título do post é um verso de Murilo Mendes.
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