quinta-feira, 10 de julho de 2014

P de (Po)ética (L)


ROMANCE OU FALÊNCIA


Posta assim, como uma fraude à escala mundial
a falácia que se esconde nas traseiras
de um título, escrevo como uma puta,
um meteorologista político
que antecipa qualquer vento que sopre
a ouvidos inocentes
as verdades mais inconvenientes

O meu trabalho
é descobrir o nome mais bonito
que se pode dar ao vandalismo,
convencer toda a gente,
como quem esconde o derradeiro eclipse
de que escolher o romance
não é caminhar para a falência


Luís Pedroso, Romance ou Falência,
Lisboa: Artefacto, 2014

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