FÁBRICA DE SONHOS
Na fábrica dos sonhos
alguém desfaz
o pão nosso de cada dia
sobre um consomé de algas,
enquanto murmura
uma oração que ninguém reza
e se transformou
na música de fundo
de um restaurante chinês
onde os grãos de arroz germinam
em cada colherada.
Já não há religiões
no menu dos domingos
e alguém pede a Deus
que ressuscite no paladar
das suas preces,
que volte a ser real
no suave traço
da caneta gasta do empregado
que anota diligentemente
cada pedido,
para que o enfeitem
com cabelo de anjo
na cozinha.
ANA MERINO
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