Julio Cortázar, La vuelta al día en ochenta mundos, tomo I,
Madrid: Siglo XXI España Editores, 2007
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O QUE É GRAVE
Quando não se fala inglês,
ouvir falar de um bom romance policial inglês
que não foi traduzido para alemão.
Ver, quando faz calor, uma cerveja
que não se pode pagar.
Ter um novo pensamento
que não se pode embrulhar num verso de Hölderlin
como fazem os professores.
Em viagem, à noite, ouvir bater as ondas
e dizer para si que elas sempre o fazem.
Muito grave: ser convidado,
quando lá em casa há mais sossego,
o café é melhor
e não é preciso conversar.
O mais grave de tudo:
não morrer no Verão,
quando tudo é claro
e a terra é leve para a enxada.
Gottfried Benn, 50 Poemas,
versão de Vasco Graça Moura,
Lisboa: Relógio D'Água, 1998
[Gottfried Benn em 1932]
3 comentários:
obrigada, Inês!
De nada :)
;) teria que colocar muitos obrigadas ao longo do teu Arquivo, simbolicamente coloquei este
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