[...]
de novo os pássaros voam e recolhem-se
é assim
as tais mãos verdadeiras
se não forem usadas não oferecem grãos de luz
e é neles que se recolhem os pássaros
e os versos inúteis
um poeta diz qualquer coisa parecida
com o que está além do horizonte
qualquer coisa que houve não vista não tocada necessária
qualquer coisa sossegada para lamber a ferida do desassossego
e pronto com tanto além nem topamos à frente do nariz
há tanto sal que não salga
míssil para cima míssil para baixo
os indefesos caindo que nem tordos
os refinados gatunos à janela
os queridos financeiros fritando os miolos entre
a conspiração e as sardinheiras
[...]
Abel Neves, Úsnea,
Lisboa: Averno, 2015
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