AS ANDORINHAS
I
Dão-me a minha lição de cada dia.
Pontuam o ar de pequenos gritos.
Traçam uma linha recta, põem uma vírgula no fim, e, bruscamente, mudam de linha.
Colocam entre loucos parênteses a casa onde moro.
Ascendem da cave até às águas-furtadas, demasiado velozes para que no tanque do meu quintal fique uma cópia do seu voo.
Com uma pluma de asa ligeira, dão forma a inimitáveis rubricas.
Depois, aos pares, abraçadas, juntam-se, misturam-se, e são um borrão de tinta sobre o azul do céu.
No entanto, só um olhar amigo pode segui-las, e se o leitor sabe grego e latim, eu sei ler o hebreu que no ar escrevem as andorinhas-das-chaminés.
Pontuam o ar de pequenos gritos.
Traçam uma linha recta, põem uma vírgula no fim, e, bruscamente, mudam de linha.
Colocam entre loucos parênteses a casa onde moro.
Ascendem da cave até às águas-furtadas, demasiado velozes para que no tanque do meu quintal fique uma cópia do seu voo.
Com uma pluma de asa ligeira, dão forma a inimitáveis rubricas.
Depois, aos pares, abraçadas, juntam-se, misturam-se, e são um borrão de tinta sobre o azul do céu.
No entanto, só um olhar amigo pode segui-las, e se o leitor sabe grego e latim, eu sei ler o hebreu que no ar escrevem as andorinhas-das-chaminés.
[...]
Jules Renard, Histórias Naturais,
com tradução de Carlos Pombo e ilustração de Maria João Worm,
Lisboa, Quarto de Jade, 2015
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