LARGO 2 DE MARÇO
para a Inês Dias
o largo tinha tanto.
o largo tinha tudo.
à noite o largo não era escuro,
e eu tinha as mãos de meu pai
a contar-me, pelos dedos, a luz do dia seguinte.
o largo ficou cheio de tempo,
e sem um sorriso para gastar.
já não há nenhum mistério
na Casa das Palmeiras.
a morte não gosta de palavras com quatro sílabas,
prefere o pó.
Emanuel Jorge Botelho, Fecho as cortinas, e espero,
Lisboa, Averno, 2014
[ID, Casa das Palmeiras, 06/015]
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