a janela de linho, a toda leve
a luz branca que esconde o que ilumina
o corpo debruçado, atento, agreste;
um rádio sobre a mesa, antigamente,
a laranja que mata de doirada,
a noite que fica doendo o dia;
o lugar que te coube, inabitável,
em troca de navios sulcando longe
a estrita rota nunca calculada;
o amor aos telefones, aos sinais
lidos em corpo mudo;
o fundo das florestas, onde vive
o mais-que-humano, e nos aguarda, alheio
à breve comoção que nos separa;
a raiva de saber que proibidosnos foram a razão e os sentidos;
a chuva que nasceu na madrugada;
a passagem do ar, a nuvem fina.
- ANTÓNIO FRANCO ALEXANDRE
[ID, Santarém, Janeiro de 2013]
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