quarta-feira, 15 de junho de 2011

P de Poética

Eu falei da tua morte. Da ave
que levantou a palavra
morte, injusta e funesta no
seu ser. Da tua morte falo.

Do meu discurso nenhum sábio
saberá admitir a unidade, o
tempo infinito formando verão
e mar, o longo nome de ti.

Fim ou movimento? Toda a
unidade será sempre uma
ausência e um excesso.

Sobre os lábios do homem a
única duração da vida é razão
de um silêncio ou de uma rosa?


- João Miguel Fernandes Jorge, Sob Sobre Voz (1971)

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