Trinta e quatro anos. E há quatro que não escrevia nada. Começara duas novelas, esboçara alguns contos, mas nunca se sentira a arder. E chegara a um ponto em que já não tinha muita importância, o trabalho no bar impedia-a de se desligar por completo do mundo exterior, e ganhava o suficiente para pagar a renda, alugar dvds e comprar livros policiais e infantis nos alfarrabistas. Estava numa das suas fases ascéticas, e comia pouco, dormia pouco, e não sentia a falta de sair com amigos ou fazer amor com alguém.
- Ana Teresa Pereira, A Pantera, Lisboa: Relógio D'Água, 2011
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